domingo, 30 de novembro de 2008

Exposição de Artes "PEQUENOS FORMATOS"



É a segunda mostra de artes com o tema, organizada pela
Artista Plástica Fernanda Rodante. Acontece no Espaço de Exposição My Guest,
reunirá obras de artistas consagrados.



Pequenos formatos, grandes nomes, é assim que minha amiga e competente artista plástica Fernanda Rodante organizou a exposição que reúne telas, gravuras e esculturas, em várias técnicas. “O tema é livre para compensar o limite que foi estipulado para o tamanho de cada obra: pequeno formato”, diz Fernanda Rodante. Ela diz que observador retém a obra por inteiro apenas num só lance do olhar, no caso dos pequenos formatos. Já numa tela grande - o mesmo vale para as gravuras e as esculturas -, o olhar tem de passear pelo espaço da obra para retê-la inteiramente. “O que muda é a relação entre o observador e a obra. Enquanto uma tela maior faz com que o observador se afaste da obra para tomar contato com ela, a obra de formato pequeno convida esse observador a se aproximar, dando a ele a visão do todo de maneira mais íntima”.
A Fernanda Rodante é da mais alta competência além de linda e amiga, sou uma felizarda em estar perto dela!
Tem mais, eu sou a assessora de imprensa da exposição, querem mais?

Artistas Participantes da Exposição Pequenos Formatos

Pintura: Anne Colesanti, Antonio Rodante, Roberto Rossi, Chen Kong FANG, Constantino, Fernanda Rodante, Grecu, Henrique "Edmx" Montanari, Higa, João Villas, Lando, Licia Ferreira, Lucas Pennacchi, Mauro Shoyama, Renata Galvão, Reynaldo Berto.
Escultura: Cecilia Centurion, Helena Coluccini, Marli Zweibil, Vivian Marin, Yara Mirian.
Gravura: Angelita Cardoso, César Nogueira, Guyer Salles, Maurício Belons.

A exposição PEQUENOS FORMATOS estará aberta ao público de 3 a 20 de dezembro próximo, das 10h às 18h, com vernissage no dia 2 de dezembro, das 20h às 22h30. Todas as obras estarão à venda durante a exposição.

O Espaço de Exposição My Guest fica na Rua Bento de Andrade, 252 - Tel. 3889-7383, Jardim Paulista.

HARMONIZAÇÃO - NEM TANGO NEM FADO, BAUDELAIRE!

Percebi que Milton Nascimento tem um espanhol de chorar, ouvindo sua interpretação de BIROMES Y SERVILLETAS, letra do poeta e compositor uruguaio, Leo Maslíah. Prefiro a versão portuguesa, GUARDANAPOS DE PAPEL, em nossa língua o Milton é insuperável. O motivo de tê-lo ouvido num sábado pela manhã foi que analisávamos a música, especialmente letra, a partir de um texto de semiótica de Antonio Vicente Pietroforte, baseado num estudo de J.M. Floch a respeito do comportamento dos usuários do metrô de Paris num curso de análise literária que faço. Coisa de ET! GUARDANAPOS DE PAPEL é uma ode aos poetas ou à imagem romântica que temos deles. Em suas peregrinações, pelos recônditos lugares das cidades, cravam nos guardanapos de papel os cometas que virão a explodir em constelações de poesia quando a noite se for e eles retornarem ao mundo real, já com o dia raiado e papeis amassados, salpicados de palavras, verdadeiras estrelas poéticas, confusas e desfalecidas em seus bolsos.
Após essa experiência melódica e poética, quiçá perturbada por aquele portunhol do Milton, a caminho de casa, entrei num empório, cujos proprietários são portugueses, e comprei um Merlot argentino de Mendoza. Era mesmo um sábado em que estava desencontrada, muito trabalho, pendências, sentia-me estranha. Talvez por isso, o impulso de comprar o vinho. Mas estava mesmo atrapalhada, um Merlot Argentino na mão e uma tarde confusa. Precisava harmonizar o vinho, não conseguia entender porque tinha optado pelo argentino.
Dava preferência aos franceses. De uns tempos para cá, os italianos afinam-se mais com meu estado de espírito, embora os portugueses tenham seu lugar garantido. Mas não era uma harmonização gastronômica que pretendia e sim uma musical, a música impregnara-me desde a manhã. Um Merlot argentino... um tango, claro, havíamos comentado na aula as características do ritmo do tango que o tornava tão dramático e ao mesmo tempo forte e cheio de atitude. Entendi a ligação com o vinho.
Sim, um tango. Procurei mas não encontrei meu CD, sei que havia um, mas onde estaria? Com qual outro ritmo musical harmonizaria aquele Merlot? Pensei, pensei, resolvi ligar para Guta Chaves, minha amiga enóloga e jornalista especializada em gastronomia. Havíamos combinado de sair no sábado. Deveríamos ter ido, na noite anterior, acompanhar um prêmio de gastronomia, não consegui ir. Liguei para ela, pedi sugestão de harmonização, expliquei que era musical, mas senti em sua voz ainda uma certa perlage que tomava conta de seu raciocínio, talvez resquício da noite anterior; não é fácil degustar tantos vinhos em época de Natal e esperar por sobriedade harmônica no dia seguinte. Ela ficou de me retornar mais tarde, mas creio que nem se lembra mais de ter falado comigo.
Como estava no computador trabalhando, resolvi checar no skype quem estava online. Minha amiga, Luciene Ricciotti, publicitária, estava conectada e também na labuta, enlouquecida. Começamos a conversar, contei a ela sobre o vinho, disse-me que entendia mais de cerveja embora gostasse do néctar dionisíaco. Queria que eu fosse para Santos, havia um novo endereço em que poderíamos harmonizar cervejas. Só de pensar em pegar o carro e descer a Imigrantes, logo desisti. Até porque não gosto de cerveja brasileira, parece água com sabão. Corro o risco de parecer esnobe, mas cerveja eu gosto das do leste europeu, são densas, suculentas, as âmbares, principalmente. Também as belgas são ótimas. Anos atrás, conseguia no Brasil uma belga que vinha em garrafa de porcelana, St. Sebastiaan, a preço de vinho, um deslumbramento.
Falávamos pelo skype, quando um outro chamado entrou, era um amigo de Kosovo, está em Pristina, participando de uma missão de paz. Há dias não me dava notícias. Reclamou do frio que fazia por lá, queria saber se estava bem e o que andava fazendo. Enquanto escrevia, respondendo-lhe, nossa conexão foi derrubada pela Luciene que retornou para me dizer que lembrara de um compromisso, estava atrasada e talvez subisse para São Paulo no domingo para irmos ao cinema. Meu amigo de Kosovo sumiu novamente.
Continuava sem saber como harmonizar aquele Merlot. Tocou o aviso de entrada de e-mail, era mensagem de minha amiga carioca Carol Meinerz, atriz que estréia musical EnCANTO DE NATAL, no Procópio Ferreira, São Paulo, dia 2 de dezembro. Convidou-me para a noite de estréia e coquetel. Lamentei, mas dia 2 é o vernissage da exposição que divulgo, PEQUENOS FORMATOS, de vários artistas paulistanos, organizado por minha amiga, a artista plástica Fernanda Rodante. Carol vai me reservar ingresso para um outro dia. Sua temporada é curta, vai até 21 de dezembro e é indicada para toda a família.
Outra mensagem, da escritora e poeta Zuleika dos Reis, agradecendo-me uma citação que fiz de seu poema “O Poeta Garimpeiro”. Reproduzo-o: “Entre os cascalhos / do óbvio / um lapso de brilho.” Gostaria de tê-lo eu escrito. Havia descoberto minha menção a ele no Google. Pobre de quem queira manter-se incógnito em eras de NET! Aproveito para oferecer outro mimo poético de Zuleika, “Condomínio Fechado – Dos Blade Runners / da vida / até que sou modesto.”, também de seu livro “Espelhos em Fuga”.
Não tinha visto e-mail da amiga Lelia Maria Romero, escritora e poeta, me convidando para uma exposição coletiva Lab “TRANSPOéTICAS e MáKINaZ HyBRIDAS”, na Fluxuz Escola de Arte, com participação e performances dos artistas Pedro Américo de Farias e Maria Alice Amorim. Foi sábado à tarde, enquanto me perdia nos meus trabalhos e buscava uma harmonização para o Merlot.
Drama, passion, talvez um fado resolvesse. Não seria exatamente uma harmonização convencional, ficaria entre a excêntrica e a esdrúxula, mas havemos de nos arriscar. Porém, fado não havia cá. Meu querido Poeta Álvaro Alves de Faria prometera-me alguns CDs de Amália Rodrigues, mas ainda não os recebi. De modo que nem tango nem fado! Meu sábado estava por um fio, acabava de receber a entrevista que esse mesmo Poeta concedeu à revista e jornal Vagalume, especializada em literatura, da qual tive a honra de participar. Alguns dos mais importantes escritores e poetas brasileiros integraram essa coletiva além de portugueses e um espanhol.
O sábado era quase passado e minha tentativa de harmonização musical do Merlot argentino fracassava. Pensei na música do querido Tom Zé, “Silêncio de Nós Dois”, uma de minhas preferidas, mas seria pior que um tango, romperia o domingo aos prantos.
Recolocando alguns livros na prateleira de material de trabalho vejo “Flores das "Flores do Mal"” de Baudelaire por Guilherme de Almeida. Bingo, peguei em meu arquivo “Embriagai-vos”. Baudelaire convoca-nos: “(...) - É a hora da embriaguez! Para não serdes os martirizados escravos do tempo, embriagai-vos, embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.”

Patrícia Cicarelli – 29.11.2008